Como serão os espaços para eventos pós-pandemia?

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Imagem de Grand Junction. Imagem Cortesia de HWKN Architecture

Os cosmopolitas se orgulham de seus locais culturais célebres, seus cronistas de perspicácia intelectual e suas façanhas arquitetônicas. Enquanto esses ícones se divertiam com os projetos ornamentados, a grandiosidade imersiva e a acústica marcante, a pandemia introduziu vários desafios às regras de aglomeração.

Reconhecendo as mudanças nos rituais de assistir a um espetáculo – do cortejo de entrada ao encontro e à aglomeração – arquitetos e líderes culturais estão projetando a próxima geração de teatros enquanto fazem a pergunta: como a arquitetura resolve questões pelo propósito inerente de um edifício? É possível manter a essência de um local por meio de mudanças suaves, mas eficazes, nos hábitos das pessoas? As respostas parecem depender da atualização da cultura do auditório (que remonta ao Coliseu) com soluções de projeto contemporâneas e enraizadas em novas tecnologias.

Os primeiros locais de eventos a reabrirem após o lockdown foram aqueles com espaços flexíveis. -- Leslie Koch, Presidente, Perelman Performing Arts Center.

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Imagem da Academia de Música e Dança de Jerusalém. Imagem Cortesia de HWKN Architecture

Grand Junction, um projeto urbano multiuso em Westfield, Indianapolis, foi idealizado alguns anos antes do início da pandemia com o objetivo de desenvolver uma série de programas públicos ao ar livre. Além de um parque, trilhas, pista de patinação no gelo e um playground, o projeto de 544 metros quadrados, em andamento, inclui um espaço de performance ao ar livre situado sob uma cobertura monumental composta por uma parede ondulada de blocos de pedra de origem local.

A HWKN Architecture projetou o espaço em colaboração com o Ratio Studio e paisagistas do Land Collective como quatro pavilhões interconectados que servem como uma homenagem à malha Jeffersoniana do centro-oeste. As baixas temperaturas podem afetar a programação durante metade do ano, mas a presença convidativa da cobertura e o compromisso da cidade em manter o local ativo potencializam o espaço durante os meses quentes, quando abre ao público na primavera. “A combinação de materiais contextuais, detalhes que emocionam e novas geometrias que trabalham para criar um impacto positivo em nossa memória criam lugares aos quais as pessoas vão querer voltar e compartilhar com seus amigos”, diz Matthias Hollwich, diretor fundador da HWKN.

A Academia de Música e Dança de Jerusalém, com inauguração planejada para o outono de 2022, é outro projeto da empresa com sede em Nova York. Também iniciado no período pré-pandemia, a academia enfrentou alterações mínimas em termos de acomodar uma experiência mais segura. “Parece que conseguimos prever o futuro”, explica Hollwich. “Demos muita atenção ao espaço público na entrada e criamos um hall arejado que permite o distanciamento social e maximiza a entrada de ar fresco, tudo isso fazia parte do conceito original.” O cliente expressou à HWKN e à empresa parceira local HQ Architects o único, porém firme, desejo de fazer uso das pedras de Jerusalém. O efeito marcante do material proporciona um acabamento atemporal no design contemporâneo e contribui para a sensação de abertura em toda a estrutura de 1860 metros quadrados.

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Rendering of the Delacorte Theater. . Image © Ennead Architects

Paralelamente à notável intensificação da programação ao ar livre nos últimos dois anos, os locais que historicamente ofereciam espaços de encontro externos tornaram-se ainda mais relevantes. Portanto, uma reforma parece mais oportuna do que nunca para o icônico Delacorte Theater do Central Park, que é operado pelo Public Theatre para o projeto Free Shakespeare no parque todo verão.

Ennead Architects realizou a reforma desse amado marco no ano passado que, de acordo com o diretor da empresa, Stephen PD Chu, "só aumentou a importância de um local externo icônico, como Delacorte". Ele também acrescenta que a crise global da saúde de repente mostrou a importância de aspectos negligenciados ao projetar um local público, “como reduzir o toque ao mínimo, mas também reconsiderar a acessibilidade”. As acomodações anteriormente limitadas para cadeiras de rodas neste espaço de 60 anos serão aumentadas com várias passarelas na sua nova fase que deve ser inaugurada em 2023. Preservar os rituais de ver Shakespeare ao ar no livre no parque é uma prioridade para a empresa com sede em Nova York que anteriormente reformulou o renomado Public Theater.

O cortejo de entrada é uma parte crucial da experiência enquanto eliminamos o gargalo durante a saída”, acrescenta Chu. Uma solução de circulação está no gesto suave e eficaz de transformar a estrutura de forma reta em uma inclinada. A mudança do cilindro para um cone permite outra fileira de assentos no topo e transmite uma sensação de antecipação pelo que espera por trás da fachada de madeira maciça.

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Imagem do Ronald O. Perelman Performing Arts Center, vista sudoeste durante o dia. Imagem Cortesia de LUXIGON

Técnicas de construção inovadoras, por outro lado, permitem que novos marcos arquitetônicos sejam construídos sem restrições. O Ronald O. Perelman Performing Arts Center, que deve ser inaugurado no outono de 2023 no local do World Trade Center, enfatiza a flexibilidade como sua marca registrada. O espaço multidisciplinar será composto por quatro teatros reconfiguráveis para acomodar várias performances artísticas e volumes de público. “Os primeiros locais de evento a reabrirem após o lockdown foram aqueles com espaços flexíveis, como The Shed, Park Avenue Armory ou St Ann's Warehouse”, observou a presidente da Perelman, Leslie Koch. De acordo com Koch, sua configuração intercambiável, em vez do arranjo convencional de assentos fixos, ajudou a equipe a se comprometer com seu plano de construção original.

O ambicioso empreendimento cultural — para o qual foram convocados REX, Davis Brody Bond, Charcoalblue e Rockwell Group para supervisionar o design de várias partes—também apresentará tecnologia de ponta que conecta as artes cênicas ao mundo digital. “Testemunhamos novas formas de conectividade por meio da tecnologia nos últimos dois anos, e o campo das artes cênicas pode se beneficiar dessa acessibilidade ampliada”, observa Koch. Equipado com fiação embutida, o local será um campo de testes para shows de tecnologia que têm o potencial de incluir streaming de performances internacionais, apresentações no metaverso e experimentos com tecnologia de jogos.

Aprendendo com a pandemia, agora acreditamos que precisamos fortalecer ainda mais o senso de lugar, propósito e interação social segura”, acrescenta Hollwich. Chu observa que “agora existe a sensação de segurança que precisa ser abordada para os frequentadores de teatro que entram em um local, desde pequenos detalhes até a experiência geral”. Koch conclui que a conscientização para inovação e adaptabilidade é a chave para os futuros espaços “iniciarem novas formas de acesso e interação com o público”.

Este artigo foi publicado originalmente em Metropolis.

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Sobre este autor
Cita: Can Yerebakan, Osman . "Como serão os espaços para eventos pós-pandemia?" [What Will Post-Pandemic Performance Venues Look Like?] 21 Fev 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/976861/como-serao-os-espacos-para-eventos-pos-pandemia> ISSN 0719-8906

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